Médico psiquiátrico se veste de palhaço e organiza eventos para ajudar dependentes químicos na Cracolândia

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Flávio Falcone é médico psiquiátrico e encontrou uma maneira de ajudar os moradores da Cracolândia, em São Paulo. O doutor se veste de palhaço e faz eventos no local para conscientizar os 'moradores' sobre o uso de entorpecentes.

O médico faz trabalho social nessa região há 10 anos e contou ao Ponte que vivenciou diversas histórias de vida dos usuários que conheceu.

“O trabalho que eu faço é mostrar que tem vida aqui. Um jeito de fazer o tratamento é você potencializar o que eles têm de melhor, e a arte é uma forma de mostrar o que eles têm de melhor”, afirmou.

A ideia de se caracterizar de palhaço veio a partir de um convite que o projeto, De Braços Abertos, fez. Ele se ofereceu e os voluntários concordaram.

“Na prática, vi que o que aprendi na universidade sobre o tema estava equivocado. Eu olhei e vi que já estava fazendo exatamente o que a reforma diz que é pra fazer, ou seja, focando na pessoa e não na droga, com o palhaço”, explica.

Desde então passou a visitar a Cracolândia para ajudar os necessitados.

Do “De Braços Abertos”, Flávio resolveu criar um projeto em paralelo, o “Teto, Trampo e Tratamento” e com música, alegria e profissionalismo já tem relatos de muitas pessoas que estão mudando de vida.

Como é o caso de Edna, que desde que passou a participar do programa saiu das ruas, conquistou trabalho e moradia, mas continua na luta pela libertação do vício.

Muitos o questionam o porquê da escolha de um palhaço e ele responde que aprendeu na escola de artes que 'O palhaço é a fragilidade compartilhada'.

“É você assumir diante do outro: sou isso aqui. O artista, por conta do ego, tem muita dificuldade de aprender o palhaço”, explica.

E completa:

“O palhaço faz as pessoas rirem do erro. É o que você faz de errado, é o seu defeito não sua qualidade que é colocada ali, na frente de todo mundo. E é aí que me conecto com aqueles que estão em uma situação de esquecimento completo, que são marginais”, finalizou o médico.

Um lindo e árduo trabalho.